Meus cães
me ensinam
mais
do que muitos sermões.
Me ensinam
a arte da silenciosa
presença
e da cumplicidade
das relações.
Me ensinam
sobre a espontaneidade,
o carinho,
a alegria
e a tranquilidade
de sua totalidade ,
de sua nudez
pura,
segura
e sem maldade.
Me ensinam
a respeito
de meus próprios instintos,
de minha agressividade natural,
à despeito
do quanto cresço,
do quanto pareço,
do quanto me penso
e aparento
longe do que chamo de mal
Me ensinam sobre
abertura,
entrega,
não culpa,
não julgamento,
sobre a suposta
e imposta
soberania
da minha humanidade-
tão cega,
tão presa a qualquer pensamento.
Me ensinam sobre a riqueza
e a leveza
da simplicidade;
sobre a força
da sumissão,
da obediência
e da humildade.
Me ensinam
a ter mais consciência,
a ser mais essência.
A esperar e
demonstrar afeto,
a querer que eu amo
sempre por perto.
E a conhecer
o mundo
através
dos meus sentidos.
Me ensinam a aproveitar
melhor meu olfato,
minha visão,
meu paladar,
meus ouvidos-
e neles confiar.
A não ter segredos
nem ambições.
A viver longe
das complicações.
Me ensinam
a correr, pular,
gemer, chorar
e investigar...
curiosamente
eles me aprendem,
me compreendem
e me dão muito mais
do que eu imagino lhes dar.
Meus cães
me ensinam
a viver e amar
livremente,
incondicionalmente,
agradecidamente...
me ensinam a tudo dar,
receber,
perceber
e nunca reclamar...
Me ensinam
a ser mais inocente,
mais expressiva,
melhor...
a arte se ser
apenas relativamente
menos ou menor.
Me ensinam a arte
de proteger,
cuidar,
sentir...
de prontamente agir,
de plenamente respirar,
comer,
dormir...
A arte de ser fiel
e amigo-
de receber migalhas
mesmo quando de muito mais
eu quero ou preciso -
e não me ofender por isso.
Me ensinam a vencer traumas
sozinha,
a ampliar minha alma
até alcançar as almas vizinhas...
Me ensinam
a ser um ser social
sem perder minha individualidade.
Sem me deter nas noções de pecado,
de certo ou errado...
A não me prender
nas grades do conhecimento,
da personalidade
e sua hipócrita sabedoria.
Meus cães
são meus maiores mestres
e guias do dia-a-dia.
Me ensinam a sempre calar,
ver, ouvir e cheirar...
a meditar,
a relaxar
a aceitar tudo
do jeito que está.
A dormir
em qualquer lugar,
a mansamente esperar...
Me ensinam
a sair de mim,
dos limites que criei
ou criaram em mim...
me ensinam mais
sobre condiconamentos
e paz,
sobre a bobagem
e a imensa bagagem
dos rancores
e vinganças,
medos
e esperanças...
Enfim,
meus cães
me ensinam...
Falam sobre a criatividade
de Deus,
sobre a universalidade do "eu",
sobre a integração das espécies,
sobre a comunhão da diversidade.
Sobre as oportunidades
que tenho de aprender
e, assim,
verdadeiramente VIVER!!!!
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
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