liberdade

liberdade
voar,voar...

domingo, 23 de janeiro de 2011

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

PARTIDA (PARA LÁLA)

Uma amiga
do nada,
chegou...
pro nada,
partiu...

Veio do amor,
amou,
foi amada,
e se foi,
sumiu...

Uma amiga,
cheia de luz,
vida,
calor...
que a vida
me presenteou.

O tempo foi curto,
o carinho imenso.
Duro e tenso
foi a companhia
do seu sofrimento.

Suave foi
aprender com ela
uma nova forma
de relacionamento...

Não serei a mesma...
sua presença,
seu amor,
sua dor,
sua partida,
também me transformaram.

Hoje,
choro.
Agora,
meu momento
se enche de saudades...
um vazio
tinge meu ser,
meu silêncio,
minha casa,
meu viver...
Desfila
em minha mente
uma parte pequena
da sua história,
da vida
e suas transitoriedades

Vazio...
de um afeto escolhido,
vivido,
consolidado,
compartilhado,
dia-a-dia

Vazio
que sangra,
que derrama,
vazio
que dá forma
a essa poesia.

Que posso dizer
dessa criança
que acolhi
em meus braços?
Que carreguei
e alimentei
cheia de esperança...
com quem binquei,
briguei,
dormi,
mediquei,
reparti minhas horas,
me desdobrei em cuidados...
e que hoje foi embora??

Que posso dizer
dessa amiga
que tanto me ensinou,
me deu
-e recebeu de mim também?

De luto e pesar
se veste meu coração...
doçura
e amargura
se mesclam
em minha emoção.

Não consigo dizer mais nada...
Meus olhos estão
cheios dágua...
Meu rosto e meu corpo
se contraem,
me traem..
a trazem tão alegre
à minha lembrança.

Minha doce,
frágil
e forte amiga...
sua morte
mora em mim
um pouco ainda.
Sua partida
implodiu
na minha vida.

Linda,
que você habite na paz,
que sua luz brilhe
em um novo lugar,
que seu ser pequenino
volte á Grandiosidade,
ao Pai.

Que seu túmulo
seja apenas
sua última oferenda,
seu último altar...
onde,
com certeza,
a natureza vai,
ternamente,
sempre te rezar.

Amada,
essa não é uma despedida-
o laço da consciência
nos prende a todos...
e isso
jamais pode
nada separar,
ninguém enterrar.

Meu afeto,
minha estima,
minha rima
hoje e sempre
irão te abraçar,
te seguir,
te acompanhar,
de perto.

Lála,
amiga...
obrigado por ter chegado,
obrigado por ter alargado
meu peito,
dorme, querida,
dorme nele-
que é na verdade
seu lar e leito.

Obrigado
pela maravilhosa oportunidade
de ter estado ao seu lado...
de ter sido tão amada
e ter tanto te amado.

Perdão por tudo
que não pude fazer,
compreender,
dar,
ser ,
pra você...
E perdão
se te fiz,
mesmo sem querer,
sofrer...

Abre as asas da tua alma
e voa!!!
Vai pelo azul do céu
e pela brisa ...
vai que outro mundo
te pede, te quer,
te recebe e te precisa...
Voa livre!!!
O corpo
agora já não te pesa...










terça-feira, 18 de janeiro de 2011

PELO SIM E PELO NÃO

Pelo sim e pelo não,
costumo abrir meu coração.

Cedo sempre
às razões
que vão
muito além
da minha mente.

Pelo sim e pelo não,
me entrego plenamente.
Não dou bola
se nada rola.
Não me arrependo.
E aprendo.
Nada acontence em vão.

Pelo sim e pelo não,
sigo minha própria direção.
Cometo erros,
faço confusão,
mas não me detenho.
Vou até o fim.
Depois,
volto pra mim.

Pelo sim e pelo não,
digo sim.
Pelo menos por algum tempo -
pelo menos por alguma emoção
dou chance ao meu sentimento.
E deixo que ele me leve e me traga,
me feche e me abra,
momento a momento.

Pelo sim e pelo não
respeito em silêncio
as mil vozes que me evocam.
Acendo minha própria luz
diante da escuridão.
E vejo claro as sombras
que me cercam,
mas não me tocam.

Pelo sim e pelo não,
componho.
Converto tudo em poesia
e me reponho.
Sigo em frente,
contente,
consciente.
De mãos dadas
com minha estrada,
de braços abertos
para o meu presente.

Pelo sim e pelo não,
encontro saída
por ontre entrei-
por que, não sei.
Não me dou por vencida,
e me ergo
de onde parei.


Pelo sim e pelo não,
desisto de pensar,
abro mão de desejar,
abro mão de não tentar,
abro mão de não amar.






MEUS CÃES

Meus cães
me ensinam
mais
do que muitos sermões.

Me ensinam
a arte da silenciosa
presença
e da cumplicidade
das relações.

Me ensinam
sobre a espontaneidade,
o carinho,
a alegria
e a tranquilidade
de sua totalidade ,
de sua nudez
pura,
segura
e sem maldade.

Me ensinam
a respeito
de meus próprios instintos,
de minha agressividade natural,
à despeito
do quanto cresço,
do quanto pareço,
do quanto me penso
e aparento
longe do que chamo de mal

Me ensinam sobre
abertura,
entrega,
não culpa,
não julgamento,
sobre a suposta
e imposta
soberania
da minha humanidade-
tão cega,
tão presa a qualquer pensamento.

Me ensinam sobre a riqueza
e a leveza
da simplicidade;
sobre a força
da sumissão,
da obediência
e da humildade.

Me ensinam
a ter mais consciência,
a ser mais essência.

A esperar e
demonstrar afeto,
a querer que eu amo
sempre por perto.
E a conhecer
o mundo
através
dos meus sentidos.

Me ensinam a aproveitar
melhor meu olfato,
minha visão,
meu paladar,
meus ouvidos-
e neles confiar.

A não ter segredos
nem ambições.
A viver longe
das complicações.

Me ensinam
a correr, pular,
gemer, chorar
e investigar...
curiosamente
eles me aprendem,
me compreendem
e me dão muito mais
do que eu imagino lhes dar.

Meus cães
me ensinam
a viver e amar
livremente,
incondicionalmente,
agradecidamente...
me ensinam a tudo dar,
receber,
perceber
e nunca reclamar...

Me ensinam
a ser mais inocente,
mais expressiva,
melhor...
a arte se ser
apenas relativamente
menos ou menor.

Me ensinam a arte
de proteger,
cuidar,
sentir...
de prontamente agir,
de plenamente respirar,
comer,
dormir...

A arte de ser fiel
e amigo-
de receber migalhas
mesmo quando de muito mais
eu quero ou preciso -
e não me ofender por isso.

Me ensinam a vencer traumas
sozinha,
a ampliar minha alma
até alcançar as almas vizinhas...

Me ensinam
a ser um ser social
sem perder minha individualidade.
Sem me deter nas noções de pecado,
de certo ou errado...
A não me prender
nas grades do conhecimento,
da personalidade
e sua hipócrita sabedoria.

Meus cães
são meus maiores mestres
e guias do dia-a-dia.

Me ensinam a sempre calar,
ver, ouvir e cheirar...
a meditar,
a relaxar
a aceitar tudo
do jeito que está.
A dormir
em qualquer lugar,
a mansamente esperar...

Me ensinam
a sair de mim,
dos limites que criei
ou criaram em mim...
me ensinam mais
sobre condiconamentos
e paz,
sobre a bobagem
e a imensa bagagem
dos rancores
e vinganças,
medos
e esperanças...

Enfim,
meus cães
me ensinam...

Falam sobre a criatividade
de Deus,
sobre a universalidade do "eu",
sobre a integração das espécies,
sobre a comunhão da diversidade.

Sobre as oportunidades
que tenho de aprender
e, assim,
verdadeiramente VIVER!!!!



AMBIGUIDADE

Pode ser que sim
Pode ser que não

Pode ser que eu vá,
Pode ser que eu volte

Pode ser que eu gere
Pode ser que eu aborte

Pode ser que seja a vida
Pode ser que seja a morte

Pode ser que sim
pode ser que não

Pode ser que eu siga reto
Pode ser que eu vire

Pode ser que seja certo
Pode ser que seja errado

Pode ser que o mundo gire
Pode ser que pare

Pode ser que eu veja e sinta
Pode ser que eu negue e cegue

Pode ser que a dúvida vença
Pode ser que a fé me convença

Pode ser que sim
Pode ser que não

Ambiguidades da poesia,
da poetisa
e da vida

Ambiguidades dessa humanidade.
Ambiguidades desse coração

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

ARANHAS

Antigamente
eu tinha pavor
das aranhas...
e meu pavor
era razão
suficiente
para matá-las
impiedosamente.

Cresci,
felizmente-
Pra mim,
pra vida
e pra elas.

Hoje as aranhas
moram por perto
e também moram
em minhas entranhas,
estranhamente.

Tecem suas teias
lenta e tranquilamente,
sob o meu olhar
de aprendiz consciente.

Já não me assustam mais.
Aprendi a compreender
e respeitar
seu mundo,
suas necessidades,
sua paz-
a compartilhar
o mundo que
habitamos
junto.

Hoje,
as aranhas
contam com minha atenção
e proteção.

As abrigo em meus quintais,
as salvo dos animais -
e, se são grandes demais,
e entram pelo chão,
as convido gentilmente -confesso:
rapidamente - a sair e
voltar pra casa -delas,
naturalmente!

As aranhas hoje
pra mim são puras
e belas.
E têem lugar em minha vida,
em meu dia-a-dia,
em meu amor,
em minha poesia.

Graças ,Senhor,
pelas aranhas!
Essas brilhantes tecelãs
dos fios de seda
do Seu Amor,
da Sua Vida
e Seus Amanhãs.






GRILOS

Grilos...
doces e pequenos amigos
da minha boemia
em forma de poesia.

Cantores
da noite
que
me acolhem
a cada dia.

Orquestra caseira
morando na cidade...
me lembrando
e me reconduzindo
a sítios, fazendas,
mato,
simplicidade...

Grilos...
companheiros
naturais
de
minhas alegrias
e tristezas atuais.
De meus silêncios
e meditações,
de minhas preces
e divagações...

Grilos
que moram
em minha realidade,
mas levantam
minhas fantasias...

Grilos
não sei se saberia
mais viver sem eles...
já fazem parte
da minha intimidade,
onde também
mora sua tranquila sinfonia.



PEDRAS

Serão mesmo as pedras
tão duras?
Eu as vejo
tão tranquilas,
tão serenas,
quietas,
seguras...

Elas me falam
de aceitação,
de relaxamento profundo...
se deitam e se deixam ao chão
e cobrem o mundo.

Me falam de resistência,
de estabilidade,
de silenciosa presença
e forte proteção.
Pequeninas ou gigantescas,
elas nos servem,
nos cercam
e poucas recebem nossa atenção.

Pra mim,
elas cantam e louvam
sua firme interioridade
a vida inteira..
Colorem os rios,
firmam os solos,
erguem muros,
constroem barreiras,
auxiliam nas construções.
Enfeitam dedos,
colos
e mãos.

São tão santas,
tão sagradas,
tão paradas...

Sao dignas de
admiração!

As pedras
se deixam mover,
lapidar
pelo tempo,
pelos homens,
pelas máquinas..
e ainda assim,
permanecem estáticas,
fantásticas!

Não são objetos,
coisas -
são seres!
Misteriosos,
diferentes,
poderosos,
desconhecidos,
cerrados,
condensados...
que também
amam e
esperam
por serem amados.

As pedras
são tesouros,
diamantes,
esmeraldas,
ouro...
são tesouros do adulto
que apenas as pegam,
usam,
vendem...
e da criança
que brinca,
do artesão que as pinta,
daqueles que as sentem.


As pedras
pousam,
mas não pesam
na leveza
do meu coração.








Prece

Pai,

Hoje,
que eu não me choque
diante da inconsciência
que reina ao meu redor
e
dentro de mim também.
Que eu
não chame de Mal,
aquilo que ainda
não concebeu o Bem.

Que eu
não me arrependa
de nenhum ato ou gesto
de amor,
generosidade
ou solidariedade.
Mesmo
sem ser retribuído,
visto
ou valorizado.

Que eu
esqueça
um pouco
de tudo
que é futuro
ou foi passado.

Que eu
respire mais lenta
e
profundamente;
que meu coração
não se cale
diante
da minha mente.

Que eu jogue fora
todas as armas
e escudos
que trago comigo,
escondido -
pra me defender
ao ser negado,
agredido,
menosprezado
ou ferido.

Que eu
seja
sempre tolo
o suficiente
pra ser
totalmente
vulnerável,
ao amar
e me permitir
ser
amado.

Que eu
seja
tão inocente,
que não permita
a raiva,
a inveja,
a competição,
o medo da rejeição
me paralizar
por dentro
e brutalizar
meu sentimento.

Que eu
seja
aquele
que Tua
mão,
Teu silêncio,
Tua visão
possa usar.

Se eu
errar,
pecar,
não me
deixes
inutilmente
me culpar .
Mas me
ajude
a me
aceitar
mesmo assim,
e transformar
aquilo
que já não serve em mim,
já não me convém.
E agir assim
pra com o outro também.

Que hoje,
eu possa crescer
um pouco menos lento;
que minha misericórdia
sirva
à toda vida, de alento.

Que eu não corra
desnecessariamente;
que eu me entregue
inteira para Teu presente.

Que a fera
do egoísmo,
tão inflamada
e infantil
não ruja
ainda feroz
ou sutil,
em minha face-
nem que se aloje
sobre meus disfarçes.

Que eu possa
sorrir,
cantar,
dançar,
e compor,
mesmo
através
da
dor.

Que qualquer
sofrimento
que surja,
não se enraíze-
não me crie
nenhuma ruga
ou varize.

Que eu não negue
e não fuja
da minha própria insensatez!
Que eu me dispa
da minha íntima,
conhecida,
e entranhada rigidez!

Que minha beleza
se expanda
de dentro pra fora.
Que eu não use
mais os cremes
da indiferença
que ao outro
despreza,
cobra,
compara,
exige
ou ignora.

Que minha vaidade
se vista
de simplicidade
e que minha doçura
cure qualquer loucura
ou insanidade
com equilíbrio,
harmonia
e
tranquilidade.

Que hoje,
precisamente
hoje,
eu ore-
eu chore -
mas prossiga
em minha
alma,
em minha calma,
em minha poesia.

Que qualquer rejeição
não me atordoe,
não me acovarde,
não me bloqueie,
não me retarde!
Nem ao meu irmão!

Que eu
viva como uma árvore gigante,
protegendo,
sombreando
e alimentando,
constante e
silenciosamente
meu semelhante.

Que eu brilhe
como um diamante,
mas somente
diante da luz do Teu semblante.

Que
o sol da equanimidade
aqueça
e dissolva
qualquer
diferença,
divergência,
conflito ou
animosidade.

Que eu perdoe
e esqueça o ranço.
Que eu saiba esperar
quando não avanço.

Que
minhas paixões
não me levem de roldão-
mas que abram
novos caminhos
dentro do meu coração.

Que eu beije
e abraçe,
fale
e aja
com carinho.
Que meu ser,
seja meu céu,
meu chão,
meu rio,
meu mar,
meu lar,
meu ninho.
E que o possa
sempre compartilhar.

Que eu saiba
sempre voar
e ir além...
além de quaisquer
impossibilidades,
e limitações
Que sempre eu possa
flutuar e boiar
sobre as águas
e sobre a terra das ilusões.

E acima
de tudo,
que eu seja
o mundo
que quero
ver melhor.

Que
eu reflita
Tua Unidade,
Tua União,
Tua Bondade
e Compaixão-
como um
um sol menor
a
iluminar
tudo e todos
em redor.

Amém










domingo, 16 de janeiro de 2011

SILÊNCIO

O silêncio
me fala
de todas
as coisas
que eu calo,
que eu guardo,
penso e sinto.
Recordo,
rejeito ou consinto-
mas não abro.

Me conta
das minhas covardias
e medos,
me revela
os mais antigos
e mais recentes
segredos.

Me conta de
erros
e pecados,
cometidos
ou não.
O silêncio ecoa
os gemidos
que irrompem
em meu coração.

Me conta das dúvidas
e divisões
que se entrelaçam
em minha mente
e em minhas emoções.

Me sussura minhas mentiras
e desculpas -
minhas
ansiedades
e expectativas
pequenas,
grandes,
infinitas...
.

O silêncio me dita poesias,
lágrimas e
heresias...
coisas que ele leva e traz,
coisas que só ele
converte em paz.

Me grita amores,
dores,
desejos
e desesperos
que não quero ouvir
no dia-a dia.

O silêncio
me canta canções
que me aproximam
de um Deus que habito
e que me habita.
E ,
em mim,
o musicaliza.


O silêncio
me chama,
me pede,
me ama
e me rege.

Me protege,
me atende,
me prende,
me ensina
e me aprende.

O silêncio
me respira,
me inspira,
me espelha,
me venera,
e me espera,
sempre,
sempre.

É meu mestre,
meu guia,
meu ar,
minha vida,
meu par,
meu destino,
meu horizonte .

O silêncio sou eu
de volta
à fonte.






sábado, 15 de janeiro de 2011

A CHUVA

Chove fora
e chove dentro.
A chuva
encharca também
meu sentimento.

Descubro
novas goteiras,
novos vazamentos.
Há telhas quebradas,
calhas furadas-
escorre água
pela sala dos meus
pensamentos.

A tempestade existe,
dura,
persiste.

O vento é forte,
vem do sul
e do norte-
e insiste.
Meu teto
resiste,
não desaba.


Caem galhos,
árvores
e flores-
deitam-se as plantas,
aos seus açoites.
É dia,
mas parece noite.

O sol já não brilha,
Sou impedida
de sair
pelos raios e trovões .
Sou convidada-
ou obrigada-
a dominar
meus medos
e minhas emoções.

Assim é essa hora!
Assim é a vida,
agora.

A realidade inunda
dentro e fora.

Chove,
é verdade!
Chove
verdade!

E enquanto
a chuva cai-
cai junto
meu pranto.

Depois dela,
depois dele,
seco todo meu mundo
e me levanto.

Depois da chuva,
a vida continua-
lavada,
limpa,
linda
e
bela.

Segue sem trégua.
Segue e reinicia.

A chuva
me carrega
e me rega -
e dela
brota
essa
poesia








EU QUIS

Eu quis ficar,
você quis ir.
Eu quis ver,
você negar.
eu quis dizer,
você calar.
Eu quis sim,
você não.
Eu quis amor,
você quis razão.

Quis mais,
você menos.
Quis tentar,
você fugir.
Quis revelar,
você fingir.


Eu quis ser feliz
ao seu lado,
você quis
sem mim.

Eu quis fim
e, sozinha,
enfim,
o fiz.

AMBOS

Seja noite
ou seja dia,
seja razão
ou poesia,
o amor
se veste de dor.

Compõe
versos ou canções,
trabalha
ou se diverte,
chora ou ri,
se acha
ou se perde.

Seja tarde
ou manhã,
madrugada
ou alvorada,
o amor me deita
e dorme
- e a dor
me põe acordada.

Conversa ou cala.
Caminha ou senta
Discute ou brinca.
Me borda
e me pinta.

Seja sol
ou lua,
escuridão
ou luz.
A dor me comove,
o amor me conduz.

Me sacode ou estanca,
me dá ou me arranca.
O amor me abre,
a dor me tranca.

Seja realidade
ou fantasia,
verdade
ou hipocrisia.
O amor me lança,
me atravessa
e me dança.
A dor me espanca.

Seja um ou dois,
agora ou depois,
o amor promete,
a dor cumpre-
e ambos
me recebem
e me oferecem.



O AMANHÃ

Do amanhã
que sei eu?
nem sei
em que mundo
estarei
nem quem
ou quê
encontrarei
Nem sei quem serei...

Do amanhã
o que posso dizer?
o que posso sonhar,
imaginar,
querer,
pensar?
tudo!
Mas tudo,
nada significará
quando
o amanhã chegar.

E o amanhã
jamais me espera-
se torna hoje.
E toma
toda bagagem
que eu trouxe.

Toma minhas forças,
minhas fragilidades,
minha covardia,
minha coragem.
Toma
minha expectativa,
meu tempo,
minhas horas,
meus sentimentos,
minha vida.

O amanhã
me rouba o presente,
me fala do ontém
e me convence
daquilo
que ele mente
que contém.

O amanhã
sempre chega
depois da noite,
depois da madrugada,
depois do antes.
O amanhã
já foi meu grande amante.