liberdade

liberdade
voar,voar...

quarta-feira, 22 de junho de 2011

ESTE DIA


Este dia está nascendo tão nú,tão puro,tão silencioso e sereno...
Com que olhos, pensamentos, palavras,sentimentos,gestos-
roupas e barulhos o vestiremos?
Cada um irá respirá-lo, amá-lo,vivê-lo, sê-lo à sua própria maneira...
Alguns irão cantá-lo, outros dançá-lo,
outros escrevê-lo...
Uns lhe dirão sim, outros não.
Certamente, nele, muitos nascerão e muitos morrerão.
Os poucos e os loucos o verão.
Mas,certamente,nenhum dia nasce em vão...












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quinta-feira, 16 de junho de 2011


Aquela energia,
vitalidade,
força,
alegria,
pra onde foram??

Que visitas estranhas
estão agora
em minhas entranhas...
Lassidão, dor,
tristeza,fraqueza,
lentidão...
que transformação
está ocorrendo
sem minha permissão?

Que nomes dar
a essas que surgem
do nada,
com nada,
por nada...
ou haveria alguma razão?

Dirão que surgem do inconsciente...
Digo que surgem do infinito, do nada-
e dá no mesmo.
Surgem do desconhecido,
do não-visitado,
não-adentrado, decifrado,
esperado,planejado...
Bobagens...




sábado, 11 de junho de 2011

DESCOBERTAS

Na solidão,
descobri minha melhor companhia.
No perdão,
o êxtase da compreensão e da alegria.
No amor incondicional,
minha real satisfação.

Na simplicidade,
descobri as minhas maiores riquezas.
Na humildade,
a extensão da minha grandeza.
No pouco,
a totalidade.

Na impotência,
o poder da entrega.
Na incerteza e na demora,
a confiança da espera.

No vazio,
a oportunidade do desconhecido.
No impossível,
a percepção do que apenas, ainda,não é visível.

Na carência e na necessidade,
o valor de me preencher.
Na agitação,
a sabedoria de parar
No nada,
a completude de ser
no outro,
a ocasião de comungar
e me reconhecer.

Nos meus erros, e nos alheios
ver aprendizados
Nos medos e bloqueios
a verdade escondida dos segredos.
Nas perdas e separações,
a preciosidade de minhas limitações.

No sofrimento, na raiva e na dor,
a outra face do meu prazer e do meu amor.
Na aceitação da minha realidade,
o agente renovador.

No meu pecado,
o apelo à luz divina.
Na suavidade,
a força e o trabalho da minha alma feminina.

No não-fazer,
a emergir da profundidade.
Na poesia,
a expressão da sensibilidade.

No silêncio,
a amplitude da consciência.
Na quietude,
uma nova forma de eloqüência.

Na fragilidade,
a vitória da minha superação.
Nas distâncias,
a importância da minha proximidade.
No esforço,
a beleza do meu compromisso .
No desafio,
a minha possibilidade da libertação.


No resgate da minha infância e adolescência,
a segurança da maturidade construída junto à essência.
No fracasso e no insucesso,
partes integrantes do processo.


No ato de respirar,
ver, tocar,
ouvir,criar,sentir,
o abraço da abundância
e o espaço da prosperidade.

Na minha morte,
o nascimento de uma nova identidade.
Na vida e no agora,
o beijo discreto da eternidade.



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sexta-feira, 10 de junho de 2011

VENTO

O dia se deita e se dorme em mim.
O dia me começa no início e no fim.

A noite se revela para este eu que pensa,age e se sonha.
A noite me espera para que seja e me reponha.

Noite, dia, eu - nada existe.
Se insiste é porque invento.
Vivemos dando nomes às coisas que passam
pelo espaço-tempo.
Nomes, poesias: vento.

terça-feira, 7 de junho de 2011

RELAXAMENTO

Andei tão perdida,
louca na vida,
tentando me consertar.

Batia nas pedras,
ancorava onde não devia ancorar,
buscava tempestades...
não sabia parar.

Saí da cidade,
saí de muitos caminhos,
misturei identidades.

Caminhei sozinha,
caí demais.
Briguei por ninharia,
roubei por minha paz.

Matei milhões de eus-grilhões,
derreti as grades de suas ilusões.
Amei leões!

Nenhum cativeiro me deteve,
nenhuma água saciou minha sede.
Deus se deitou em mim,
não me encontrou,
e relaxou.

Agora não me importa
por onde vou.
Nem como, nem com quem.
SOU!


segunda-feira, 6 de junho de 2011

"O amor está sempre a nosso favor"

sábado, 21 de maio de 2011

Não acumulo idéias,
segredos,
casos,
coisas,
dinheiro...

Não acumulo amigos,
passado,
planos,
resultados...

Não acumulo ideais,
propósitos,
Não tenho contas,
débitos
ou créditos.
Nem ligo
pros meus méritos.

Não acumulo armários,
gavetas,
cadernos,
livros-
internos
ou externos,
modernos
ou antigos.

Não acumulo memórias,
fracassos,
sucessos,
vitórias.

Não guardo sentimentos,
desejos,
audácias,
medos,
silêncios
nem palavras.

Não guardo caminhos,
trajetos,
carinhos,
seres,
objetos.

Nem imagens,
nem sonhos,
nem fantasias,
nem verdades.

Vivo o ar do presente
que crio e respiro-
livre e leve,
doce ou amargo,
frio ou quente.

Voltei a ser criança,
aprendi a brincar,
curtir, me divertir,
rir e chorar...
Sou festa e floresta,
cidade e mar,
E adoro esssa dança!

O "eu quero" é uma viagem do ego.

terça-feira, 17 de maio de 2011

FELIZ

Amor desavisado,
atrasado,
extraviado,
perdido
e procurado.

Amor encantado.

Anda pela noite
e pelo dia,
com fome
de poesia.
O resto,
deixa de lado.

Amor folgado.

Anda livre,
despreocupado...
Feito criança,
nasce pelado.
Anda na rua,
na chuva,
descalço.

Ri alto,
chora à toa,
corre pra cá
e pra lá.
Canta de boa.

Nada no rio,
desenha e pinta.
Sonha e brinca.

Amor desgrenhado.

Cabelos ao vento,
mãos sujas de barro.

Embriagado.
De vida.
De energia.
De amizade com
a liberdade.

Amor que cresce.
Floresce.
Amadurece.

Amor retribuído,
compartilhado,
feliz,
recompensado.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

No lugar do cio,
o vazio.

Onde minha paixão
se deita?
Onde se perde,
se derrama,
se deixa?

O lugar que era mar,
virou rio.

Onde havia sol,
hoje há sombra demais.
Não há mais música,
nem divisão-
só perdão e paz.

Perdi meu par.
Mas não me perdi
do amar.

Seu rosto
sumiu no deserto.
Mas seu coração
bate em mim,
silencioso e perto.

Respiro a poeira
do que foi e do que ficou.

E o amor que restou
ainda sobra em mim.

No lugar do êxtase,
hoje, há medo.
No lugar do começo,
um fim.

Não importa.
Não quero saber.

Estou no meio.
E dentro é a porta.

A coragem é a nudez.

A confiança, a luz.

O resto a verdade
dita e conduz...
em segredo,
sem devaneios.





segunda-feira, 9 de maio de 2011

Amigos novos me chegam.
Velhos amigos partiram...

As oportunidades mudaram.
Caminhos se abriram,
caminhos se fecharam.

Um grande amor se ausenta.
Meu olhar se amplia,
minha poesia me acenta.

Os sonhos somem na fumaça,
Enquanto a realidade me caça.

O rio da vida vai me levando.

Pelas águas,vou amando.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Não chove.
Naõ há nuvens.
Não há flores.

O sol se foi.
A lua não veio.
As estrelas
não apareceram.

O amor se escondeu.
A dor se abriu.

Não há desespero.
Não há mais medo.

A paz me cobriu.
O silêncio se fez.

Morri
outra vez.
É tempo de recolhimento,
de espera,
de quietude.
É tempo de guardar
meus sentimentos,
de deixar,
tranquila,
que a noite passe
e se tranforme
em um novo dia.
Tempo de repousar,
dormir e morrer
em solitude,
nos braçõs
da poesia.

Onde o sonho
irá me levar?
Em que momento
irei despertar?
Não sei.
Não é preciso saber.
Na hora certa
as coisas irão
acontecer.
A vida se mostrará.

E eu também
me mostrarei.



MILAGRE

Regando as plantas,
rego tudo que há
plantado também em mim.
Rego o ontém, o agora
e o futuro.
Rego o começo de tudo,
o meio
e o fim.

Nunca sei o tempo
que cada planta
levará pra crescer,
pra florescer ou
frutificar.
Nunca sei.
Só me cabe regar.

Regando,
sinto que minhas raízes
também vão se fortalecendo.
Sinto o amor
adentrando a
terra seca
e fazendo o milagre
da transformação.
Regando,
vou vivendo,
sendo.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

E se não foi amor
o que existiu,
o que teria sido?
Quantos nomes
tentarei dar
pra os meus sentidos?
Haverá realmente
alguma palavra
que possa resumí-los?

Paixão, necessidade,
carência?
Atração pela similaridade,
pela diferença?
Carinho, ternura,
tesão, amizade?
Uma mistura??
Uma ilusão,
uma realidade?
Seduçaõ
ou sinceridade?
Ainda uma velha adolescência
ou uma nova maturidade?

A mente coloca
suas dúvidas
escancaradas.
Teria sido muito,
demais,
quase tudo,
ou quase nada?
Ou o que mais?

Foi?
É?
Será?
Quantos verbos,
pontos, vírgulas,
interrogações.
Quantas emoções
interligadas,
interelacionadas,
com ou sem
boas intenções.

Divagações...

O sentir
responde.
O pensar sobre,
esconde.





terça-feira, 3 de maio de 2011

UM DIA

Pode ser que demore,
pode ser amanhã,
mas um dia
a gente acorda
e descobre
Deus até em Satã.

A gente acorda
quase que obrigado,
forçado
por alguma situação.
E aí o sonho acaba
e a realidade reina
soberana em nosso coração.

Um dia,
o sol da consciência
volta a nos iluminar
e iluminar tudo ao redor.
Vemos com mais clareza
nós mesmos,
as pessoas ao nosso lado,
o que estamos fazendo de certo,
onde estamos fazendo o errado.
Olhamos tudo!
Do mais belo
ao mais horrendo-
do mais verdadeiro
ao mais cheio de fingimento,
do melhor ao pior.

Um dia
ficamos mais plenos
em nossa solidão.
Esvaziamos toda
mentira,
toda ilusão.

Rasgamos o corpo,
a mente, a alma
e o coração -
de uma só vez.
Esquecemos tudo:
o que fizemos
de bom ou ruim pelo mundo
e o que o mundo,
de bom ou ruim, nos fez.

Descemos do passado,
abandonamos o futuro.
Ficamos quietos,
mudos
e calados.

Nada mais nos distrai,
nos trai.
Nada mais nos assusta,
nos custa.
Não interessa
mais ninguém que
nos aprove,
nos ame,
nos admire
ou adore.

Um dia,
a escuridão se converte em luz,
sozinha.
E gente cruza o portal do agora,
cruza o sinal seja ele qual for,
cruza a linha definitiva do medo da dor.

Aí ,
tudo se encaixa perfeita
e permanentemente.
Entramos decididamente
no reino do Amor.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Quando meu sonho
penetra em sua realidade,
a fantasia se torna verdade
Sua alma me acalma,
sua chama me inflama

HERESIA

Santa é a minha inspiração,
a minha necessidade,
a minha solidão,
a minha saudade
e a minha comunhão.

Santas são as minhas minhas mãos,
meus olhos,minha pele,
meus lábios e ouvidos.
Santo é todo meu corpo
e todos os meus sentidos.

Santos são todos outros,
onde todo eu vive refletido.

Santa é a minha voz,
os meus gestos,
a minha ação.
Santo é o meu sono,
a minha fome
e a minha satisfação.
Santo é o Espírito
que, em mim,
nunca dorme.

Santa é a minha alma,
que é minha luz e
minha casa,
o altar permanente
de minha oração -
consciente ou não-
a morada do Eterno
em minha serena transição

Santa é a minha mente
mergulhada
no Sagrado Silêncio
de sua morte,
onde o Vazio e o Nada
ressuscitam
sua sorte de ser
o Amor, a Amante
e a Amada.

Santo é meu destino
de voltar ao céu,
através da terra e do chão
que me cobrirão-
Sem norte,
sem bússola
e sem direção.

Santo é o Cristo
que trago comigo,
em paz -
sem mais ego,
sem mais prego,
sem mais cruxificação.
Apenas calmo e calado,
deitado em meu coração.
Longe de todos os apelos e
apegos que o mundo me obriga
e eu abrigo.

Santo é o Buda
que me desperta
e alerta para
a meditação que é o viver.
Santa é a minha atitude,
sem querer separar do mal,
a virtude,
sem separar a visão
daquele que vê.

Santa é a minha loucura,
de querer ser Sal e Doçura.

Santas são todas as minhas paixões,
que arrastam as máscaras
das ilusões do meu controle.
Santas são todas as renuncias
que a vida me obriga,
ao pedir, ou exigir, que a siga.

Santos são todos os meus fracassos,
vitórias, perdas e conquistas -
porque todos sumirão no tempo.
Santos são os abandonos
que sofro
e os gozos onde eu me abandono.

Santo é o Templo
de cada momento.

Santa é a poesia
de me permitir ser pura
e ser heresia.

Santa enfim,
sou eu assim:
totalmente encontrada dentro de Deus,
totalmente perdida fora de mim.






quarta-feira, 20 de abril de 2011

ORAÇÃO

Santa
é a oração
que trago no peito
quando me deixo
e me deito
no altar
do meu coração -
onde coloco a meu lado,
a face do meu amado.

SEMANA SANTA

Santa é a Vida.
Santo é o Amor.
Santos são todas as tardes,
noites e dias.
Todas as horas,momentos
e segundos.
Santas são todas
as poesias,
todas as canções,
todas as expressões,
todos as emoções
e sentimentos.
Santo é o Mundo.

Santos são todos os seres,
e toda a criação.
Deus existe em tudo que
Ele cria,
porque em tudo
Ele põe Seu coração.

Santos são todos
os pecadores
e todos os pecados -
porque apenas nos devolvem
aos braços Divinos -
onde todos somos
e seremos
sempre, tão somente,
amados e meninos.

Santa é toda cruz,
solidão e sofrimento.
Tanto quanto, Santo,
também é todo prazer,
alegria e relacionamento.

Santidade é a beleza
dessa inteireza,
dessa totalidade.

Santa é a comunhão,
a completude e a intimidade
entre um homem e uma mulher,
entre o homem e a natureza,
entre o profano e o sagrado,
o profundo e o raso,
em sua eterna transitoriedade.

Santas são todas as formas
de ilusões e divisões dissolvidas,
todos os julgamentos esquecidos,
todos os erros aceitos e absolvidos.
Santa é a União e a Unidade,
vivenciadas e vividas
dentro de cada realidade.

Santas são todas as fontes,
lagos, rios e mares.
Todas as pedras, planícies
e montes.
Todas as árvores, plantas,
bichos, peixes e pássaros.
Tudo que existe
visível e invisivelmente -
longe de qualquer imagem,
de qualquer roupagem
da mente.

Santa é toda nudez,
com a qual Deus a
todos nos fez.

Santa é a verdade da igualdade,
de que ninguém é melhor ou pior,
mais ou menos,
maior ou menor , que ninguém.

Santa é a individualidade,
que em sua quietude,
alcança e abraça o Além -
em toda sua liberdade
e em toda sua plenitude também.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Termina mais um dia. Quisera ter vivido ele todo dentro da poesia. Quisera tê-lo amado tanto quanto deveria, poderia... Quisera depositar esta noite, em meu travesseiro, um corpo satisfeito e uma mente vazia... Quisera ter amado cada segundo, ao invés de pensar tanto. e me entulhar de dúvidas e medos, inseguranças e desejos. Termina mais um dia. Não sei se fiz pouco, se senti demais, se menti pra mim mesma, de novo, se fugi das coisas reais. Quisera morar somente na verdade, minha e do outro, do mundo, de tudo e de todos... Mas a verdade também é mutante, variável,única e insondável. Quisera estar agora ao lado do homem que devora e consome meus sentimentos, mesmo estando distante... Quisera ter a prova desse amor neste exato instante. E tenho! O que escrevo me delata, me revela... Termina o dia e a saudade recomeça. Lá vou eu noite a dentro, levando a morte de um dia lento e levando à vida a oportunidade de uma nova madrugada. Dormindo na realidade e esculpindo sonhos, estando acordada.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

No momento em que gostaria de ser capaz de dizer tudo em poesia, acho impossível achar as palavras exatas pra exprimir meu sentir. Meu coração silenciosamente canta, e minha alma se cala. Fico no vazio do escuro, na solidão da sala. Nenhuma frase me agrada. Apenas o sentimento me traduz, me encanta e fala. Tento achar razões, motivos e explicações, mas estou cercada de indefinições. Um estado de graça me abraça. Uma paz de criança embala minha confiança. Uma serenidade madura, me assegura. Nada temo. Nada tenho a reprimir. Sei que perdi meu leme, meu barco e meu remo. Sou levada pelo existir. Um turbilhão de novas emoções inunda meu corpo com as suas sensações. Estou mergulhada num oceano sem águas, numa outra dimensão do Ser. Um sol de amor ilumina meu destino... Mas por dentro, meu farol é você, meu homem, meu menino. O mesmo Deus que me dirige e me habita, é o Deus que te pede e te convida. O mesmo Deus que te rege,te guia e te protege -te traz pra perto da minha paz. Tudo é começo em mim. E para a poesia nenhum começo tem fim

sexta-feira, 1 de abril de 2011




    A poesia mora naquele espaço onde me abro, me perco e não mais me acho.Naquela entrega que, com ou sem meu consentimento, leva pra longe todo pensamento... Mora naquela flor que admiro,naquela nuvem que acompanho, naquele rosto que eu amo. Mora num aqui que fica bem ali, distante ,porém, também, dentro de mim. Mora naquela frase que pronuncio com os olhos, n aquela carícia que recebo pelos ouvidos, naquele instante em que nada sou, e em tudo encontro seu próprio sentido. Mora naquela disposição em que brota uma oração espontânea, uma meditação que vem lá do coração, uma comunhão que vai além do corpo, além da dor, do temor... naquela quietude que só surge diante do amor. Na verdade , nem sei se ela mora ou se ela apenas namora ... E , assim, silenciosa e sincera, a poesia vive, transborda, transporta, e celebra.

    terça-feira, 29 de março de 2011

    LINGUAGEM II

    Ah, como me fala o aroma do cafezinho fumegando, quentinho... o cheirinho inegualável de qualquer nenenzinho, a maciez da sua tez... Me fala, me toca, me encanta, me enternece, me acolhe, me acalanta. Como dialoga, primeiro com meu coração, depois com minha boca ( olha o sorriso gostoso), meu estômago e com todo meu ser, o sabor do feijão feito no dia , com carinho, com prazer, com amor... Pode ser de mãe, de avó, vizinha, amiga, marido, colega, tia. Não importa! Fica pra sempre na memória, naquela parte mais satisfatória. Ah, doce é ouvir a chuva cair... o "rec-rec" das velhas cadeiras de balanço, a algazarra da passarada voltando em bando pras copas das árvores ao entardecer... Doce é ouvir, sentir e ver... Apreciar o céu escurecendo devagarzinho, mansinho, "falando" pra gente também ir se guardando, se amansando, se acalmando... E como não escutar a linguagem dos olhos atentos das crianças e dos animais... E dos olhos serenos e cansados dos idosos Quantas histórias ditas em suas rugas e marcas, nas curvas dos ombros, nos músculos fácidos, nos ossos já fragilizados. O mundo grita aos meus sentidos. O azul me fala de paz, o vermelho de guerra e luta. O amarelo me conta do ouro; o verde, da mata. As canções de ninar me remetem a um mundo que já não posso alcançar. As cançoes de amor, ainda me incitam a abraçar e beijar. O ar puro da manhã, uma oração divina. A saia de chita, vaidade de menina. O vento nos ouvidos, carícia. O arrepio, malícia. Ah,delícia! Tudo fala, canta, dança, ora, chora, comemora, todo dia, toda hora. VIVER é poesia. Escrever? Pura heresia!

    quarta-feira, 23 de março de 2011

    Gosto da linguagem
    dos olhares
    que se deitam juntos
    e se adentram um no outro.
    Das mãos unidas em prece,
    ou sozinhas,
    deslizando em suaves caricias...
    dos dedos entrelaçados,
    dos lábios que se abrem num sorriso
    e se aproximam pra beijar.

    Gosto da linguagem
    das lágrimas brotando,
    das pálpebras se fechando,
    de braços se estendendo
    pra aninhar...
    de corpos brincando,
    dançando,
    inventando mil maneiras
    de se expressar.

    Gosto da linguagem morna
    dos raios de sol,do desfile infindável
    de cores e formas que a luz nos
    nos permite enxergar.

    Gosto da linguagem de ver,
    sentir,
    falar,
    ouvir,
    tocar,
    perceber,
    intuir,
    conhecer,
    amar...

    Da linguagem profunda
    das noites escuras,
    do brilho suave das estrelas,
    da brancura pura da lua.

    Gosto da linguagem
    dos balanços de criança,
    das redes dos antigos,
    dos batons das meninas,
    dos encontros com amigos
    nas esquina...

    Gosto da linguagem silenciosa
    de um berço,
    uma bengala,
    uma fotografia,
    uma flor,
    uma aliança,
    uma vela,
    um cartão,
    uma pedra,
    uma poesia.

    Da doce linguagem
    de uma duccha fria
    após uma longa caminhada,
    de lenha na fogueira,
    cama macia,
    de, após um longo dia,
    finalmente abrir
    a porta de casa...

    Da linguagem dos bocejos,
    espirros,
    tropeços,
    risos,
    beijos...
    da barriga roncando,
    pele coçando,
    cabelo caindo,
    vida nova nascendo,
    bebês dormindo.

    Das emoções
    que insistem em suas revelações,
    das razões
    que desistem de suas explicações...

    Gosto da linguagem dos absurdos,
    do impossível,
    do invisível presente
    em todos, em tudo...

    Lingagem da existência,
    da inocência,
    da experiência,
    da essência...
    da realidade.

    Just Say Yes - OSHO

    quinta-feira, 10 de março de 2011

    VERDADES

    Nem todas as verdades
    estão ditas.
    E por isso,
    nem todas as verdades
    são malditas ou benditas.

    Nem todas as verdades
    mostram seus disfarces,
    nem todas se despem ao mesmo tempo,
    no mesmo sentimento.

    Nem todas nos consolam,
    nos perseguem,
    nos assanham,
    nos desnudam,
    nos desmancham.

    Nem todas doem.
    Nem todas penetram.

    Nem todas pertencem à alguém,
    nem todas são minhas,
    nem todas são suas...

    Nem todas são poucas,
    nem são tantas,
    nem são loucas,
    nem são santas,
    nem dormem sozinhas.

    Nem todas as verdades
    revelam o que eu já sei
    e o que você também sabe.

    Porque entre nós,
    na verdade, tudo cabe.


    segunda-feira, 7 de março de 2011

    Livro da Vida

    A suavidade azul do céu
    embala meu coração
    Que corre manso pelas
    águas do rio
    e brinca
    com as margens
    que o cercam...

    A vitalidade do verde
    preenche a imensidão
    dos meus sentidos,
    que vão sendo levados
    docemente pelas
    brisas que chegam
    não se sabe de onde....

    Na firmeza marrom da terra,
    deito cada pensamento,
    com respeito-
    como um enterro-
    uma despedida.
    E volto à Vida,
    tão colorida!!!

    Há flores azuis, amarelas
    e vermelhas pela mata,
    pelos caminhos,
    pelos jardins,
    há flores idênticas brotando
    também dentro de mim...

    Esse dia me inaugura,
    me incendeia,
    me integra,
    me recarrega,
    me cura
    e me reinicia...

    Que prazer é viver
    as tais das horas "vazias",
    despreocupadas!!!
    Que prazer é VIVER!
    Respirar!
    Ver!
    Ouvir!
    Sentir!
    E, assim,me preencher-
    praticamente com "nada"!!

    Que lindo conhecer o sabor
    de redescobrir do mundo,
    nas horas e
    nos momentos recém-nascidos...
    sair da rotina eterna
    dos "compromissos".

    Há um Deus se renovando
    a cada dia
    e me esperando
    pra ser,
    através de tudo que Ele cria,
    respirado,
    visto,
    ouvido,
    sentido-
    Amado!

    Hoje,
    há um novo cantar dos pássaros,
    há novos brotos e frutos nas árvores,
    uma nova chuva canta lá fora,
    novas nuvens brincam de ir e vir...

    As cores com que o hoje
    se veste
    são feitas de surpresas -
    que me invocam,
    enternecem,
    encantam,
    elevam,
    e se sacralizam...

    Sou una com a Criação
    e o Criador-
    o Supremo Renovador,
    em tudo que me cerca,
    em tudo que está ao meu redor!

    Viver é cada dia melhor!!!!
    Viver cada dia é o melhor!!!!

    Bendita seja a simplicidade
    de cada instante,
    a simplicidade de cada olhar,
    e de tudo que ele pode perceber,
    receber,
    acolher
    e amar...

    Bendita seja a natureza
    que me ensina mais
    que milhões de sermões...

    Bendito o Livro da Vida!
    Bendita a Vida mais pura!
    Bendita a poesia que ele É,
    e na qual se edita,
    cada vez mais tranquila,
    bonita
    e segura.




    domingo, 27 de fevereiro de 2011

    TEIMOSIA

    Teima em mim
    a poesia.

    Suas teias
    sempre me tecem.
    Suas peias
    me esquecem.

    Na sua intimidade,
    abraças o mundo.

    Na sua expressividade,
    lanças as sementes
    do profundo.

    Teima em mim
    a sua dança,
    o seu silêncio,
    a sua canção
    e sua solidão.

    Teima em mim
    a suavidade da sua força.
    A leveza do seu poder.
    A natureza do meu ser.

    Teima em mim
    sua ânsia de expansão.
    Sua entrega
    aos que, um dia,
    também te alcançarão.

    Teima em mim
    seu coração.

    Brinca de rima,
    e , assim,
    tudo me ensina.

    Teima em mim
    sua visão.
    Seu olhar de mãe amorosa,
    de mulher apaixonada,
    de menina crescida,
    de divindade materializada.

    E, teimando,
    vais me treinando
    pras coisas que não sei.
    Pras coisas que sinto
    e na quais os outros
    também sentirão.

    Teimando
    vais
    se derramando,
    me soltando,
    me remando-
    me desfazendo
    e me dissolvendo
    no seu mar de linhas.

    Teimando
    vais me vivendo,
    me sendo -
    e se eternizando.


    Oh, doce e cruel
    realidade -
    porque não segues
    as normas que ditam,
    porque não obedeces
    aos que te planejam
    e pensam que te criam?

    Por que te manténs
    alheia às ideias
    que fazem de ti?
    Por que te enches de
    plenitude,
    sem nenhuma virtude
    e na mais pura
    e dura vacuidade ?

    Onde tua identidade,
    tua responsabilidade???

    Por que te deitas
    e te deleitas
    em controvérias e
    peripérsias?

    Por que te preenches
    de surpresas,
    de acasos,
    ocasos,
    desculpas e
    inusitados??

    Por que tuas respostas
    tão certas e tão tontas,
    nunca estão prontas?
    E me aparecem
    erradas,
    cheias de nada???

    Oh, senhora realidade!
    -A vida me condena
    à tua suprema liberdade !

    LOUCURA

    Nessa louca dança
    qualquer palavra
    se lança.

    Nessa louca canção
    qualquer ser
    emite sua emoção.

    Nessa louca visão
    o olhar tenta tudo
    reter, em vão.

    Nesse louco olfato,
    cheira-se o conteúdo
    do fato.

    Nessa louca mente
    as idéias se desmentem.

    Nesses loucos sentidos
    ouço a loucura dos sons
    contidos.

    Nesses loucos dias,
    muita pausa nas causas
    e só mais um pouco de poesia


    sábado, 26 de fevereiro de 2011

    Nenhum sinal
    das coisas que virão.

    Nenhuma ilusão.

    Nenhum farol dourado,
    nenhum guia ao meu lado.

    Só o inusitado.

    Não há ensaios
    para o próximo momento.

    Não há textos decorados.

    Os scripts foram decapitados.

    Nenhum ato mais
    será premeditado.

    Os olhos estão atentos.
    Os ouvidos também.

    Pensamentos são desvidados
    pro além.

    A mente tenta se debater.
    Quer ditar, reinar,repetir...
    controlar o que está por vir...
    menosprezar apenas ser,
    apenas viver.

    Não há mais um destino,
    uma missão.

    Não há mais o esforço
    para moldar o real
    Só há sua realização.

    Tudo é aprendizado,
    nada é ensino.

    Assim,reina a paz.







    TARDE DE SÁBADO

    Nesta tarde suave

    o infinito azul se abre



    Tudo abraça-

    e não há nada

    que nos separe



    O silêncio do céu palpita

    no coração



    No ar,

    a necessidade serena

    da respiração.



    Na alma,

    a realidade do presente.



    Nesta tarde

    o mundo caminha contente



    E essa é sua realização.

    sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

    DESPEDIDA DE SODREZINHO

    A vida é tão estranha...
    Num momento
    nos presenteia
    com um novo amigo-
    no outro,
    o leva para suas entranhas.

    As últimas palavras
    do meu mais recente amigo
    foram poesias...
    Morreu entre poetas,
    declarando
    seu amor


    Seu último sarau:
    poesia,
    despedida
    carinho
    e
    dor.

    E eu que mal
    o conhecia,
    nessa noite
    bebi da poesia
    da sua transição.

    Vi seu corpo
    derepente, são -
    e derepente se
    disfigurando,
    se esvaindo,
    partindo.

    Trouxe partes novas
    ao meu coração:
    partes novas ,
    colhidas em vida-
    e partes novas,
    colhidas
    em sua despedida.

    Não consigo
    não escrever algo...
    Fazer uma homenagem
    sincera
    ao meu novo amigo,
    agora falecido.

    Caminhou dentro da poesia,
    a viveu,
    a semeou,
    a recebeu
    e a ela agora se adentrou....

    Definitivamente.

    Que a poesia do Eterno
    acolha sua nova face...
    Que o berço divino
    o acolha
    em sua nova
    Morada.

    Sodrezinho,
    a alma, através de versos,
    já era sua namorada,-
    Vai menino,
    Vai com sua Amada!



    Vai com ela
    sem receios....
    acabaram-se
    os medos,
    os segredos,
    os devaneios.

    Aninhe-se
    em seus doces seios.
    E durma em paz.


    CANÇÃO SILENCIOSA

    Canta,
    oh, minha doce alma!
    Bebe da água
    deste seu dia-
    e se oferece.

    E, se oferecendo,
    mais ainda
    se sacia!

    Se alimenta
    em meu silêncio,
    minha luz
    e minha poesia.
    Faz da paz,
    tua música,
    tua musa,
    tua companhia...

    E se inspira!

    Oh,
    minha doce alma!
    Vem .
    E, em meu lugar,
    respira.

    Me dá tua
    mão de ternura
    e me acaricia
    a Vida.
    Veste tua túnica
    rosada de perfume
    e vento-
    baila comigo
    neste momento.

    Vem,
    vem além do meu pensamento.
    Traz seus raios
    de sombras e de luar,
    suas brisas de areia e de mar-
    e vem cantar.

    Pousa teu peito
    etéreo,
    etérico
    no meu,
    e me fala de céu
    e Deus.

    Deita nesse
    olhar
    que me traz
    pra dentro
    o munto inteiro.

    Brinca
    de ser
    meu sol

    - derrete
    os muros
    da matéria
    e da miséria
    que me aprisonam
    na escuridão de mim.

    Vem, vem cantar
    suas mais lindas canções de ninar!
    Me deixa dormir
    em teus braços,
    esquecer meu cansaço
    e me deleitar -
    sem
    Sonhar.

    Me ensina
    a te ouvir
    e a te escutar
    por todos os
    meus sentidos.

    Me acorrenta
    em tua praia
    e
    me liberta
    das marés
    da superfície.

    Vem,
    vem
    minha alma-
    que está sempre
    a meu lado.
    Vem me viver.

    Me faz sentir criança
    de novo
    e me aninhar em teu colo
    de suave de mansidão.
    Me traz a esperança
    e a certeza
    de não ter perdido
    nada na vida-
    por te
    encontrado,
    te permitido
    e te experimentado.