liberdade

liberdade
voar,voar...

terça-feira, 29 de março de 2011

LINGUAGEM II

Ah, como me fala o aroma do cafezinho fumegando, quentinho... o cheirinho inegualável de qualquer nenenzinho, a maciez da sua tez... Me fala, me toca, me encanta, me enternece, me acolhe, me acalanta. Como dialoga, primeiro com meu coração, depois com minha boca ( olha o sorriso gostoso), meu estômago e com todo meu ser, o sabor do feijão feito no dia , com carinho, com prazer, com amor... Pode ser de mãe, de avó, vizinha, amiga, marido, colega, tia. Não importa! Fica pra sempre na memória, naquela parte mais satisfatória. Ah, doce é ouvir a chuva cair... o "rec-rec" das velhas cadeiras de balanço, a algazarra da passarada voltando em bando pras copas das árvores ao entardecer... Doce é ouvir, sentir e ver... Apreciar o céu escurecendo devagarzinho, mansinho, "falando" pra gente também ir se guardando, se amansando, se acalmando... E como não escutar a linguagem dos olhos atentos das crianças e dos animais... E dos olhos serenos e cansados dos idosos Quantas histórias ditas em suas rugas e marcas, nas curvas dos ombros, nos músculos fácidos, nos ossos já fragilizados. O mundo grita aos meus sentidos. O azul me fala de paz, o vermelho de guerra e luta. O amarelo me conta do ouro; o verde, da mata. As canções de ninar me remetem a um mundo que já não posso alcançar. As cançoes de amor, ainda me incitam a abraçar e beijar. O ar puro da manhã, uma oração divina. A saia de chita, vaidade de menina. O vento nos ouvidos, carícia. O arrepio, malícia. Ah,delícia! Tudo fala, canta, dança, ora, chora, comemora, todo dia, toda hora. VIVER é poesia. Escrever? Pura heresia!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Gosto da linguagem
dos olhares
que se deitam juntos
e se adentram um no outro.
Das mãos unidas em prece,
ou sozinhas,
deslizando em suaves caricias...
dos dedos entrelaçados,
dos lábios que se abrem num sorriso
e se aproximam pra beijar.

Gosto da linguagem
das lágrimas brotando,
das pálpebras se fechando,
de braços se estendendo
pra aninhar...
de corpos brincando,
dançando,
inventando mil maneiras
de se expressar.

Gosto da linguagem morna
dos raios de sol,do desfile infindável
de cores e formas que a luz nos
nos permite enxergar.

Gosto da linguagem de ver,
sentir,
falar,
ouvir,
tocar,
perceber,
intuir,
conhecer,
amar...

Da linguagem profunda
das noites escuras,
do brilho suave das estrelas,
da brancura pura da lua.

Gosto da linguagem
dos balanços de criança,
das redes dos antigos,
dos batons das meninas,
dos encontros com amigos
nas esquina...

Gosto da linguagem silenciosa
de um berço,
uma bengala,
uma fotografia,
uma flor,
uma aliança,
uma vela,
um cartão,
uma pedra,
uma poesia.

Da doce linguagem
de uma duccha fria
após uma longa caminhada,
de lenha na fogueira,
cama macia,
de, após um longo dia,
finalmente abrir
a porta de casa...

Da linguagem dos bocejos,
espirros,
tropeços,
risos,
beijos...
da barriga roncando,
pele coçando,
cabelo caindo,
vida nova nascendo,
bebês dormindo.

Das emoções
que insistem em suas revelações,
das razões
que desistem de suas explicações...

Gosto da linguagem dos absurdos,
do impossível,
do invisível presente
em todos, em tudo...

Lingagem da existência,
da inocência,
da experiência,
da essência...
da realidade.

Just Say Yes - OSHO

quinta-feira, 10 de março de 2011

VERDADES

Nem todas as verdades
estão ditas.
E por isso,
nem todas as verdades
são malditas ou benditas.

Nem todas as verdades
mostram seus disfarces,
nem todas se despem ao mesmo tempo,
no mesmo sentimento.

Nem todas nos consolam,
nos perseguem,
nos assanham,
nos desnudam,
nos desmancham.

Nem todas doem.
Nem todas penetram.

Nem todas pertencem à alguém,
nem todas são minhas,
nem todas são suas...

Nem todas são poucas,
nem são tantas,
nem são loucas,
nem são santas,
nem dormem sozinhas.

Nem todas as verdades
revelam o que eu já sei
e o que você também sabe.

Porque entre nós,
na verdade, tudo cabe.


segunda-feira, 7 de março de 2011

Livro da Vida

A suavidade azul do céu
embala meu coração
Que corre manso pelas
águas do rio
e brinca
com as margens
que o cercam...

A vitalidade do verde
preenche a imensidão
dos meus sentidos,
que vão sendo levados
docemente pelas
brisas que chegam
não se sabe de onde....

Na firmeza marrom da terra,
deito cada pensamento,
com respeito-
como um enterro-
uma despedida.
E volto à Vida,
tão colorida!!!

Há flores azuis, amarelas
e vermelhas pela mata,
pelos caminhos,
pelos jardins,
há flores idênticas brotando
também dentro de mim...

Esse dia me inaugura,
me incendeia,
me integra,
me recarrega,
me cura
e me reinicia...

Que prazer é viver
as tais das horas "vazias",
despreocupadas!!!
Que prazer é VIVER!
Respirar!
Ver!
Ouvir!
Sentir!
E, assim,me preencher-
praticamente com "nada"!!

Que lindo conhecer o sabor
de redescobrir do mundo,
nas horas e
nos momentos recém-nascidos...
sair da rotina eterna
dos "compromissos".

Há um Deus se renovando
a cada dia
e me esperando
pra ser,
através de tudo que Ele cria,
respirado,
visto,
ouvido,
sentido-
Amado!

Hoje,
há um novo cantar dos pássaros,
há novos brotos e frutos nas árvores,
uma nova chuva canta lá fora,
novas nuvens brincam de ir e vir...

As cores com que o hoje
se veste
são feitas de surpresas -
que me invocam,
enternecem,
encantam,
elevam,
e se sacralizam...

Sou una com a Criação
e o Criador-
o Supremo Renovador,
em tudo que me cerca,
em tudo que está ao meu redor!

Viver é cada dia melhor!!!!
Viver cada dia é o melhor!!!!

Bendita seja a simplicidade
de cada instante,
a simplicidade de cada olhar,
e de tudo que ele pode perceber,
receber,
acolher
e amar...

Bendita seja a natureza
que me ensina mais
que milhões de sermões...

Bendito o Livro da Vida!
Bendita a Vida mais pura!
Bendita a poesia que ele É,
e na qual se edita,
cada vez mais tranquila,
bonita
e segura.