liberdade

liberdade
voar,voar...

segunda-feira, 29 de março de 2010

AO RIO

Ao rio,
que me ensina
a sobreviver
dentro da cidade.
A receber lixo e esgoto,
mas continuar,
alheio a toda maldade.

Que me ensina a seguir
cantando e dançando
rumo ao mar,
sem importar
quando vou chegar.

A brilhar
faça frio
ou calor,
chuva ou sol,
noite ou dia.
Caminhos largos
ou estreitos,
vales ou montanhas.
Alimentando,
por onde anda,
matas
e seres,
sem nada esperar
deles.

A ele,
que me ensina a
me firmar no solo
e ainda assim
flutuar...

A ser todo superfície
e todo,
profundidade.

Que me ensina a
ser suave e forte,
vencendo as formas,
ampliando limites,
abraçando os
obstáculos,
preenchendo
vazios e buracos.

A ele,
poesia
e prece,
canção e
dança
que jamais se cansa,
meu eterno amor
e admiração.

Rio,

deságua nesta alma

que inveja tua expressão.











sexta-feira, 26 de março de 2010

A ÚNICA

Eu não preciso
do seu amor,
nem da sua amizade,
nem dos seus carinhos,
nem da sua generosidade,
nem dos seus caminhos.

Não preciso
dos seus conselhos,
das suas conversas,
das suas exigências,
dos seus desejos,
dos seus pedidos,
nem das suas promessas.

Não preciso
do seu dinheiro,
do seu aplauso,
das suas migalhas,
nem de você inteiro.
Nem das suas partes,
nem da sua metade.
E nem da sua cumplicidade.

Nem de sua presença,
nem da sua aprovação,
nem de suas desculpas,
nem de lhe dar o meu perdão.

Não preciso
do seu ego,
nem de sua gratidão,
nem do seu respeito,
nem de sua admiração.
Nem das suas idéias,
nem dos seus ideais.
nem de suas alegrias,
nem de seus ais.

Eu não preciso de você!

E não sinto
em lhe dizer!

Não preciso de você
nem pra viver,
nem pra amar,
nem pra gozar,
nem pra me espelhar.

Nem pra ser amada,
nem pra nada.

Nem pra dar,
nem pra receber.
Nem pra me relacionar,
nem pra me envolver.

Nem pra me fazer companhia,
nem pra escrever poesia,
nem pra poder cantar,dançar
rir ou chorar.

Não preciso hoje
e nunca vou precisar!

Mas justamente
por não precisar
é que mais e mais
eu posso te amar
e te apreciar...

Mais e mais
amo e aprecio
estar ao seu lado...
Amo e aprecio VOCÊ,
e não,
a minha necessidade.

Amo esse amor
tão maduro
e pleno
de liberdade.

E por não precisar,
sou eu,naturalmente,
quase sempre,
a primeira-
e , muitas vezes,
a única-
a se entregar,
conscientemente.










DIAMANTES

Há um diamante
florido e perfumado
no peito
de cada ser
que é visto,
aceito e amado.

Um diamante
irriquieto
e valioso
chamado consciência.

Há que se consagrar
a ele
toda a vida
e colocá-lo
em seu altar.

Os diamantes
da vida
são o doce
brinquedo
da poesia.

Os diamantes
da alma,
o suado
segredo
desta poetisa.
Minha auto-estima
é feita de rimas.

sábado, 20 de março de 2010

Meu Ponto G
fica em você.

ESPIRITO DO INFINITO

Não tenho tempo
nem talento
pra me envolver em confusão,
pra viver de roldão
e investir mais no que penso
do que no que diz meu coração.

Não tenho saúde
nem disposição
pra bancar o que não sinto,
brincar com aquilo que de fato quero,
reclamar da vida
que eu mesma gero.

Não tenho vontade
nem coragem
pra criar castelos em minha curta viagem,
pra trocar alianças
com corpos e almas
ainda crianças,
brincando com a sexualidade.

Não tenho
a mínima intenção
de dar pro mundo de fora
a maior parte da minha atenção.
De agradar sicrano ou beltrano,
nem convencer este
ou aquele também...
Vou tecendo,
agora,
aqui mesmo,
sem niguém ficar sabendo,
o meu além.

Não tenho dons
nem qualidades
para seguir servindo
à decadência da
nossa humanidade.
Pra fingir decência,
mentindo
e massacrando,
continuamente,
a verdade
e a consciência .

Tenho sim,
admito,
desde sempre,
o pensamento de uma poetisa
com o espírito do infinito.








UNICA LIBERDADE

O universo
mais completo
se chama intimidade.

Um verso
contém toda humanidade...

Despertar do eu é o único verbo,
a única liberdade.

MINHA CARA

Não sou uma pessoa normal:
quase não assisto tv,
não gosto de shoppings,
lojas , supermercados,
cidades,bares ou praias lotadas.
Vivo menos na rua ou dentro de casa
e mais no meu quintal.

Não tenho um trabalho formal,
acordo antes do dia nascer,
não admiro gente
muito bonita,famosa
rica,culta,
poderosa ou super informada-
só gente natural.

Tenho poucos vestidos,
cds,dvds,livros,
amores e amigos.
Converso com gente,plantas,
pedras,astros e bichos.
Não penso em aposentadoria
e prefiro morar longe de família.

Não tenho religião,
não faço parte de grupos políticos
nem culturais.
Adoro mata,céu,água, terra
e milhões de coisas pequenas,
simples e comuns por demais.

Não faço regime,
nem academia.
Não penso em silicone,
não tenho carro
nem conta corrente,
nem vivo correndo demais.
Não ligo pra status
ou papéis sociais.
Sou fã apenas de quem faz o que sente.


Não compreendo traições,
hipocrisias ,
comparações
nem concorrências.
Adoto o que os outros
chamam de "incoerências"
e não preciso ser independente,
nem financeiramente,
pra provar pra mim
ou pra sociedade
que sou competente.

Minha maturidade
pede sempre muito riso ,
brincadeira e espontaneidade.
Minha felicidade
anda de coloio e comboio
com tudo que me traz
paz e simplicidade.

Trabalho e me divirto
todos os dias
com prazer.
Adoro lavar louça,
lavar roupa e varrer.
Faço poesias
como uma louca
só por gostar de escrever.

Vivo longe de qualquer conceito,
quase não tenho dinheiro,
amo dançar na sala,
cantar no chuveiro
e mudo mesmo sem ter dever ou direito.
Dizem que não tenho juízo,nem jeito.
Mas é assim que amo a Vida e o viver.

E vivo!
E prossigo contente,
livre e consciente.
Mais no corpo do que na mente,
longe do passado e do futuro,
fincada no presente!
Rimando minha unicidade,
privacidade e
unidade
bem longe da minha tal personalidade
e bem perto do meu próprio Ser.

Minha cara é a que todos podem ver!
















quarta-feira, 17 de março de 2010

DENTRO

Dentro,
a flor
ainda é
a semente.

O amor
ainda é
a calma

Dentro,
a poesia
ainda é
a poetisa

O silêncio
ainda é
a alma

Dentro,
eu ainda
sou você

SOU AQUELA

Eu sou aquela
que ainda não conheço
e que me surge inesperadamente.
Aquela que me faz desde sempre
e que não vejo.

Sou aquela que me afaga
nas horas vagas,
que me acaricia com suas poesias,
me chama quando alguém me ama,
me grita se alguém me evita
e me reza quando alguém me despreza.

Sou aquela que não me mente,
que tudo me ouve e me diz
Aquela que me vive e sente
e que, em mim,
simplesmente é feliz.

Eu,
sou Aquela!

Aquela que nunca sei,
que nunca criei,
que já nasceu em mim criada
e que nunca precisou crescer
porque de infância
sua maturididade foi enfeitada.

Sou aquela que anda nua
pela minha casa,
que me traz versos na madrugada,
que me ensina a voar em suas asas...

Aquela que me trouxe
finalmente suas rugas,
como também me trouxe sua mocidade.
Aquela que uns chamam de fuga
e eu chamo de Realidade.

Aquela que anda sempre a minha frente,
que sonda tudo em meu olhar,
que secretamente me ronda-
e nunca me encontra em meu lugar

Sou Aquela!

Aquela que nunca vi,
mas que folga em meus acasos.
Que nunca permiti,
mas que me molda em sua paz
quanto mais eu me extravazo.

Sou aquela
que ninguém imagina,
define ou delimita,
cria ou imita,
prende ou determina


Aquela,
sem forma,
que brilha e reluz
em todas as suas aquarelas,
em tudo que me transforma ou seduz

Aquela,
sem nome,
sem idade,
medidas,
sexo
ou cor.

Aquela que uns chamam de Vida
e outros de Amor.






Só me visto de poesias
quando visito minhas entranhas.
Começei a vida
de trás pra frente,
eu juro!
Morri no passado,
cresci no presente
e vivi no futuro.

terça-feira, 16 de março de 2010

PREFERÊNCIA

Adoro homens.
De qualquer cor,
estatura,
peso
ou idade.

De preferência,
os transparentes.
Altos na sensibilidade,
leves no pensar,
conscientes na essência,
renovados no amar.

Desnudos e despidos
na emoção.

Com músculos
fortes
e bem definidos-
no coração.
No resto,
não faço questão.

Que seja masculino no físico
e no espírito.
Mas só o suficiente.

Quanto mais no peito
e menos na mente,
melhor.

Pra mim,
simplicidade num homem é afrodisíaco.
Criatividade,paradisíaco.
E na intimidade,
que seja único e abrangente.

É isso!

Que haja sempre só o agora entre nós dois,
pra nada ficar no depois.

Liberdade no compromisso
e fogueira na paz.

Porque luz e calor,
entre um homem
e uma mulher,
nunca é demais.













Poesia é um presente da paz.
Ninguém a faz.

segunda-feira, 15 de março de 2010

O QUE TEM A POESIA

A poesia
tem muitos infinitos.

Tem todos os segredos,
significados
e sentidos.

Tem milhões de olhos,
bocas,
narizes
e ouvidos.

Tem milhares de corpos,
almas
e espíritos,
reunidos.

Bilhões de flores,
frutos,
troncos,
sementes,
folhas
e raízes,
generosamente
distribuídos.


Tem invisíveis amoras,
invencíveis bananas,
impensáveis castanhas,
imperdíveis abóboras e nozes.

Também tem
velhos,
recém-nascidos,
crianças
e moços.

Silêncios,
sussurros,
gritos,
vozes,
gemidos
e alvoroços.

Tem,em si,
todos os lagos,
rios,
cascatas
e mares.
Todas as montanhas,
desertos e
planícies -
todos os lugares.

Tem todas as inovações
e mesmícies.
Tudo que é comum,
e todas as esquisitices.
Todas as uniões e solterices.

Tem eternos deuses,
santos, demônios
e pecadores.
E também
efêmeros amores,
perenes alegrias e prazeres,
lágrimas e dores.

Tem inúmeros insetos,
bichos e feras.
Florestas inteiras,
casas,
selvas,
lares,
relvas -
e jardins.

A poesia tem tudo.
Tem todos.
Inclusive o nada e o ninguém.

E tem a mim também.




AMOR E ARTE

A arte é o amor do ser solitário;
O amor é a arte dos pares.

domingo, 14 de março de 2010

POESIA VIVA

Um pequeno vagalume
apareceu no céu
da minha noite -
e da minha mente-
um, somente!

Tranquilo e silencioso.
Sereno e luminoso.

E voava tão pleno!

Me parecia tão leve e contente...
que merecia uma poesia.

Ele era a própria poesia,
viva,
em seu maravilhoso vôo...

Surgiu não sei de onde,
e se foi...
para sempre.
Brilhantemente!






BUSCA

Há os que buscam
quem ou o quê os guie,
os cure,
os aceite,
proteja,
ouça,
sinta,
veja...
aprove,
ajude,
apóie,
atenda,
afirme,
necessite,
compreenda...

Há os que buscam
amor,
atenção,
afeto...
e os que buscam
as mesmas coisas
na profissão,
no sexo,
dinheiro,
garantia,
aposentadoria,
conforto,
luxo,
ou apenas num teto...

Os que buscam autoridade,
poder,
saber,
caridade,
reconhecimento...
lentitivo,
paixão,
autoconhecimento,
amigos,
perdão...

Há os que buscam se dar
e se encontrar,
em companhia.
Outros,em solidão.
Os que buscam descanso,
novidades,
carinhos,
distrações...
Outros, buscam responsabilidades,
trabalhos,
caminhos,
realizações...

Uns buscam silêncio,
equilíbrio,
paz,
tranquilidade
moderação...
outros,
energia,
vitalidade,
ruídos,
agito,
multidão...

Uns buscam seus pares,
lares,
fé,
mestres,
luzes ou cruzes,
preces
altares
ou meditação...

Outros, buscam
bares,
cabarés,
boates,
passeios,
devaneios,
viagens,
iates...

Cada um em sua própria ilha,
em sua própria trilha,
em seu próprio momento...
no seu passo,
no seu ritmo,
seu rumo,
seu espaço,
seu sentimento,
sua criação...

Cada um em sua busca...
consciente,
ou não.
Certo,
inseguro,
imaturo,
confiante
ou não...

Cada um carregando sua bandeira
a cada instante,
nas batidas do próprio coração...
Caindo e levantando,
rindo e chorando,
perdendo e ganhando.
Seguindo sempre em frente-
querendo ou não...

Buscar faz parte...
faz o mundo,
sua história,
sua cultura,
sua comunicação,
religião,
arte...

Mas a busca,
um dia,
precisa terminar...
Como o rio precisa deitar
no seu próprio mar,
e a gota precisa sumir,
ao dormir,
no oceano do seu próprio despertar...

E esse dia
não tem hora...
é sempre agora!

E isso é que é poesia!









sexta-feira, 12 de março de 2010

TUDO É IMPORTANTE-
NESSE EXATO INSTANTE!

ASSOMBRAMENTO

Me assombra
saber que a cada segundo
respiro um novo ar.
Que tudo nesse mundo,
nesse eu,
está em constante transformação,
saindo do seu lugar.

Me assombra
pensar que sou...
uma e muitas,
pouco e suficiente,
sã e louca -
acreditar no que essa mente,
que chamo de minha,
julga e define
aprova ou não;
acumula e amontoa,
sussura e grita,
rouca,
à toa.

Me assombra
a certeza de que,
sem o pensamento,
tudo,
além do tempo,
sempre,
é tão diferente.

Me assombram
as razões que desfilam por aí,
as explicações que não existem,
as regras e disciplinas que criamos
pra nos distrair.

Me assombra
a transitoriedade das formas,
dos sentidos...
a ilegalidade do ser,
a simplicidade do criativo,
a realidade do diverso,
a sutileza dos universos,
o motivo de se escrever...

Me assombra
o sol das palavras,
a penumbra das interpretações,
a vacuidade das linhas,
que não é vivida;
a dança das frases
e a musicalidade colorida das emoções...

Me assombram
os amores que se foram,
os que ainda não chegaram,
os que se solidificaram
em nossas entranhas.
Me assombram,
a cada dia,
as coisas mais comuns
e não as estranhas.

Me assombram
os que mentem,
se omitem,
se escondem,
se negam,
se matam -
lentamente,
e nem sabem,
nem percebem.

Me assombra
a maravilhosa individualidade de cada um,
a incrível metamorfose dos pares,
a suave invencibilidade dos lares ,
a poderosa energia das multidões,
a unidade do invisível,
a multiplicidade dos seres em suas evoluções
e o impossível...

Me assombram
os que não se assombram
com tantas coisas pequeninas
e gigantescas:
poesias,
borboletas,
irmãos...
rimas,
formigas,
estrelas,
grãos,
areias...

Me assombra
a vida,
viver!
O nascimento e a morte,
o azar e a sorte,
o destino,
o começo
o meio
e
o fim.

Assim...

No presente,
continuamente,
em você,
em mim!










ONTÉM

Ontém,
não sei
quem amei.
Não sei se ganhei
nem se perdi.
Se me deixaram
ou se fui eu quem me deixei.
Nem sei se sofri.

Ontém,
não existe mais
no meu calendário.
Risquei do meu dicionário.
Apaguei
e não volto atrás.

Ontém,
não sei quem fui,
o que quis,
nem o que fiz.
Já foi.
Apagaram-se dores,
valores
e amores.
Não tenho nenhuma cicatriz.


Ontém,
não tem registro na minha memória.
Ficou vazio e sereno,
sem nada pra pensar, sentir,
analisar ou julgar.

Não guardo saudades,
nem rancores.
Nem lembranças,nem histórias.
O ontém se foi realmente,
pra sempre...
com seus desafios e embates,
fracassos,
empates
e vitórias.


Não há pastas de arquivos,
não há problemas pra serem resolvidos.
Não há dilemas, nem conflitos.
Não há nenhum eu outrora definido,
nem definitivo.
Não há como fingir o controle,
tentar a manipulação
de velhos fatos -
acontecidos ou não.

Não há baús entopidos,
cheios de roupas de antigamente,
de fotografias repletas de nostalgias...
Não ficaram escolhas,
nem princípios,
nem referenciais,
demais,
em minha mente,
à minha frente...

Do ontém
só restaram poesias...


QUERO SABER

Quero saber
aonde ir,
o que fazer,
como não partir,
como não chorar,
pra onde voltar,
pra quê sentir,
por quê pensar...

Quero saber
quem irá me ler,
quem irá me editar,
qual rima completará meu ser,
em que esquina vou me encontrar,
a que horas vou desaparecer...

Quero saber...

Quero saber
quanto tempo ainda me resta,
quanto dos outros, em mim,ainda retenho,
quanta coisa já não presta,
de onde, tantas vêzes,venho...

Quero saber
como amar sem direção,
como ajustar o coração,
onde esvaziar a mente,
onde estancar tantas nascentes,
como ser espaço e chão.

Quero saber
do descomplicado,
do desnudo,
de tudo que não descubro,
daquilo que deixo de lado,
do que dizem ser em vão...


Desse tal inconsciente,
disfarçado de presente-
inimigo, sem disfarçe,
do distante e do ausente,
abrigo de cada instante

Quero saber
o que as crianças já sabem,
o que os pássaros sonham,
o que cantam as pedras,
o que movimenta a terra...

Quero saber,
preciso saber...

Saber fechar a porta,
abrir o porão,
entrar no secreto,
acompanhar,
incerta,minha emoção ;
sondar buracos e frestas,
silenciar a escuridão.

Saber abandonar as metas,
cavar os túneis da solidão,
acender mil luzes entre suas cruzes,
jogar as chaves da imaginária prisão...

Quero saber...
Preciso saber...

Como deixar de ser ordinária,
ter e ser qualquer coisa que não me interessa,
deitar e relaxar com qualquer pressa,
brincar com a labuta diária...

Quero saber esquecer
tudo que já sei,
que já soube,
já sou, já fui,
já fiz...
Esquecer todo futuro
e me deixar ser...
Ser assim,
sem mim,
sem nada saber.

Mas feliz!





quinta-feira, 11 de março de 2010

GOTAS

Pequeninas gotas unidas
matam a sede dos campos,
renovam os rios e mares,
inundam copos, corpos e vidas!

Pequeninas gotas...
Vertidas em novas marés,
transformadas em seiva e sangue.
Tranparentes e constantes,
tranquilas,alegres e marotas...

Brotam, fluem,
se lançam,seguem ,cantam,
correm,
desaparecem,
se dissolvem...


Que força gigantesca
mora nessa suavidade?
Que amor infinito
transborda dentro e fora
dessa extensa unidade?
Que presença mansa
adentra e dança
através da umidade?

Gotas...
universos separados,
lágrimas distribuídas,
gozos não guardados,
fontes recém-nascidas.

Infinitos reduzidos.

Deuses se derramando,
se revelando,
saciando ,em tudo,
sua própria vontade
de criar.

Gotas
moças, velhas e meninas-
renunidas numa só canção,
dinamizando cada alma ,
preenchendo cada coração.

Gotas que brotam dos céus,
da terra,
do vento e do ar -

Gotas de amar!






REPOUSO

Caminho,corro,penso

sinto,falo,

vejo,ouço e faço mil coisas

em poucos momentos.


Vivo na superfície

constante

de cada instante.


Raro é o repouso

na plenitude do sîlêncio,

meu verdadeiro mundo.

Rara é a pausa...

o nada,

o Ser e o profundo.


Sou como a maioria.

Me salva a poesia.


Me faz parar.

Fluir pra dentro.

Voar no pouso.

Acordar no sonho.


Me chamam os deveres,

os desejos,

os afazeres,

os medos...

Me chamam os prazeres,

as necessidades,

as mentiras vestidas

de Verdade.


Me chamam as pessoas,

as paisagens,

as letras...

E milhões de mensagens...


Sou como a maioria.

Me salva a poesia.


Me salvam os intervalos,

as entrelinhas,

os espaços...

As coisas as quais

não me proponho,

não busco,

não questiono,

não me imponho.


Me salva o cansaço!


Me salvam a dor,

o amor,

a respiração...


Me salva parar de me cruxificar

a vida inteira

e me deleitar

em apenas Ser.


Deliciosa salvação!

Preciosa limitação!


Parada,

não preciso mais

de um Messias.


Só dessa paz...

traduzida em poesias.







terça-feira, 9 de março de 2010

VENTRE

No ventre da vida
o verdadeiro surge...
O verde renasce,
o azul flutua,
o selvagem amanhece,
o desconhecido se insinua...

No ventre da vida
a morte é amamentada,
a flor ruge,
a fera adormece,
o sol penetra na lua...

No ventre da vida...
só o mistério nos segue,
só a aventura nos acompanha...
ninguém permanece,
nada fica,
ninguém continua...

No ventre da vida...
o amor acasala com a dor,
o imaginário se torna realidade,
o profundo brota da superfície,
o feio do bonito,
o limpo do sujo,
o eterno do finito.

KUSHI