liberdade

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voar,voar...

sexta-feira, 12 de março de 2010

ASSOMBRAMENTO

Me assombra
saber que a cada segundo
respiro um novo ar.
Que tudo nesse mundo,
nesse eu,
está em constante transformação,
saindo do seu lugar.

Me assombra
pensar que sou...
uma e muitas,
pouco e suficiente,
sã e louca -
acreditar no que essa mente,
que chamo de minha,
julga e define
aprova ou não;
acumula e amontoa,
sussura e grita,
rouca,
à toa.

Me assombra
a certeza de que,
sem o pensamento,
tudo,
além do tempo,
sempre,
é tão diferente.

Me assombram
as razões que desfilam por aí,
as explicações que não existem,
as regras e disciplinas que criamos
pra nos distrair.

Me assombra
a transitoriedade das formas,
dos sentidos...
a ilegalidade do ser,
a simplicidade do criativo,
a realidade do diverso,
a sutileza dos universos,
o motivo de se escrever...

Me assombra
o sol das palavras,
a penumbra das interpretações,
a vacuidade das linhas,
que não é vivida;
a dança das frases
e a musicalidade colorida das emoções...

Me assombram
os amores que se foram,
os que ainda não chegaram,
os que se solidificaram
em nossas entranhas.
Me assombram,
a cada dia,
as coisas mais comuns
e não as estranhas.

Me assombram
os que mentem,
se omitem,
se escondem,
se negam,
se matam -
lentamente,
e nem sabem,
nem percebem.

Me assombra
a maravilhosa individualidade de cada um,
a incrível metamorfose dos pares,
a suave invencibilidade dos lares ,
a poderosa energia das multidões,
a unidade do invisível,
a multiplicidade dos seres em suas evoluções
e o impossível...

Me assombram
os que não se assombram
com tantas coisas pequeninas
e gigantescas:
poesias,
borboletas,
irmãos...
rimas,
formigas,
estrelas,
grãos,
areias...

Me assombra
a vida,
viver!
O nascimento e a morte,
o azar e a sorte,
o destino,
o começo
o meio
e
o fim.

Assim...

No presente,
continuamente,
em você,
em mim!










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