liberdade

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voar,voar...

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

PERDÃO

Perdão,
meu coração.
Perdão
pelas vezes que tenho te traído
e machucado,
com ou sem razão.

Pelas vezes
que tenho
te negado,
te deixado de lado,
seja pelo suposto trabalho,
seja pela suposta diversão.

Perdão
por não te ouvir,
não te ver,
não te acolher-
e não entender suas propostas.

Perdão por rejeitar
a simplicidade de suas respostas.

Perdão por
querer te enganar.
Por querer te diminuir,
te desprezar,
te desvalorizar,
te infantilizar.

Perdão
por não te amar!

Perdão
por tantas vezes
eu te buscar lá fora,
lá no passado
ou lá no futuro.
Por tantas vêzes
eu te calar,
te abandonar,
te deixar ir embora
e te deixar sozinho
no escuro.

Perdão
pelas vezes
em que não permito
estar disponível pra você,
pras suas verdades
e necessidades.
Por não te dar
quase nenhum direito,
e te encher de
deveres
e conceitos.

Perdão
por não te esperar.
Por correr de você.
Por ter medo
das coisas
que você sempre
tem a me revelar.

Perdão
por te buscar
em minhas crenças,
em minhas preces
e meditações...
mas ,no fundo,
não desejar te reconhecer,
te priorizar,
te expressar livremente.

Perdão
por te criticar continuamente.
Por te condenar
de antemão.
Por querer racionalizar
e normatizar
sua emoção.

Perdão
por não te oferecer,
ainda que seja em vão.
E me fechar.

Perdão!
Perdão meu amigo,
meu mestre,
meu guia,
meu companheiro
e meu irmão.

Por tantos dias
e tantos anos
a te cobrir
de conhecimentos,
de pensamentos,
de desejos,
de carências,
de excessos,
de falsos avanços
e progressos.

Perdão
por minhas mentiras
e hipocrisias.
Por querer manter
uma imagem
disso ou daquilo -
às custas do seu sofrimento.
Perdão
pela minha omissão,
pelas minhas ausências
a cada dia,
pela minha pópria
falta de sentimento.

Perdão
por a todo amor que não declaro,
não declamo,
não conclamo,
não derramo
e não permito.
Perdão
por toda dor que reprimo,
não sinto,
não falo,
não choro
e não grito.

Perdão
pelas minhas vaidades.
Pela minha postura
de sabedoria
e maturidade
a sacrificar
sua ternura mais pura ,
sua dança de criança,
seu riso de menino,
sua loucura de espontaneidade.

Perdão
por pisar nas flores
da sua alegria,
do seu olhar,
da sua vibração.
Por nem deixar você
respirar com profundidade,
nem te dar liberdade,
nem formar com você
uma unidade.

Perdão!
Pela minha falta de gratidão.
Pelas virtudes
que negam sua totalidade.
Pelos pecados que não cometo
apenas por medo ,
pelos julgamentos que faço
da sua naturalidade.

Perdão,
por te dizer não.
Por não de deixar solto
em minha vida
e te negar a imensidão do meu céu.
Por podar suas asas,
te botar numa gaiola
rica e enfeitada
dentro de casa.

Perdão
por ao te cobrar juíso,
te negar
o paraíso.
Por ao não
te fazer tão necessário,
te negar , junto,
inconscientemente,
quase tudo de que mais eu preciso.

Perdão
meu maior amor,
meu grande amante
meu amado e
meu amigo mais importante-
perdão por me fazer indiferente,
frio,
distante.
Perdão pelo descompromisso
de toda uma vida
e de cada instante.

Perdão
pela aliança que não fiz contigo.
pela unidade não permitida,
pela felicidade desconhecida.

Perdão
a esta poetisa
hoje,
aqui,
arrependida,
redimida -
completamente
desnuda,
chorando a seus pés,
diante do meu próprio mundo,
implorando sua compaixão.

Salva-me deste contínuo erro,
deste permanente descaso,
deste consciente pecado
que conservo em meu profundo.

Salva-me em teu seio,
novamente.
E deita-te ao meu lado,
hoje,
aqui, agora
e para sempre!

Que bem-aventurado seja
esse matrimônio perfeito e sagrado!

E que a poesia regue
nosso leito
todos os nossos dias,
como desde muito já tem feito.









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