Poesia
é uma visita inesperada,
brota sempre do nada -
insiste e fica.
Às vezes inaugura
meu dia.
Às vezes o encerra.
Mas na maioria,
o dilata
e dilacera.
Às vezes se anuncia -
raramente...
desce do tal inconsciente,
de repente.
Às vezes vaza
pela madrugada.
Outras,
em plena correria,
me pára
e bota sentada.
Ela é inteira ditadora.
Não pede licença,
nem passagem.
E nem se importa
se estou ocupada
ou indisposta.
Vem,
senta
e pronto.
Incomoda
e se acomoda.
Vira meus planos do avesso,
revira minhas horas
e esvazia minha agenda.
Ela se cria!
Sou só esse instrumento,
obediente,
quieto,
treinado...
Com a mente e o peito
vulneráveis,
abertos...
A personalidade ,
lentamente,
se desfaz...
Surgem novos
eus desconhecidos
pelas linhas...
que nem sei
onde,
como
ou porque abrigo!
Mundos surgem...
me inspiram,
contornam,
aprofundam,
elevam,
transcendem...
Simples,
complexos,
completos e naturais,
repletos de paz...
Paz
de muitas expressões.
Paz
de muitos versos...
Paz
de um silêncio
que fala
através de mim -
e que fala assim:
rimando,
rindo,
chorando,
brincando,
pensando,
sentindo,
transmitindo
e transbordando.
Poesia
é minha pátria,
minha linguagem,
minha família,
meu trabalho,
minha vida.
Ela é.
Eu,não.
Cedo,
sem querer,
sem nem saber,
lhe entreguei
meu ser -
ao me dispor,
a seu sabor,
a escrever...
sexta-feira, 21 de maio de 2010
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